Levantei-me bem cedo...5:00 da manhã. Tinha 700 km a percorrer neste dia 30 de Julho. O destino era a cidade de Porto Amboim a cerca de 260 km para o sul de Luanda e depois 70 km ainda mais para sul, a cidade de Sumbe.
Unicamente com a minha sombra por companhia lá nos fizemos os dois à estrada!
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Característica destas estradas, é o que a foto abaixo documenta. As viaturas resultantes dos diversos acidentes, e são muitos, pura e simplesmente ficam no local do acidente. Não há recolha de sucatas.
As populações "despem" os carros de tudo o que seja aproveitável....e a carcaça fica para ali a apodrecer.
Até ao destino final, o Sumbe, contam-se algumas largas de dezenas, quiçá, mais de centena e meia, destas situações.
Uma aldeia da Angola profunda:
A mesma:
...e ainda a mesma..
A cidade de Porto Amboim:
Idem:
Imagens de uma pequena lota à entrada de Porto Amboim:
É como com os carros. Naufragou e ali ficou:
A cidade vista de perto:
...de mais perto ainda:
...e um pouco mais do mesmo:
Eu parei...ela parou...a objectiva fixou-a!
Pobre menina criança. Que futuro te reservará esta tua Angola?
Pobre menina criança. Que futuro te reservará esta tua Angola?
A praia de Porto Amboim
Um aspecto das ruas da melhor zona de Porto Amboim:
mais um pouco da zona da praia:
Agora, a caminho do Sumbe:
Cenas da vida quotidiana....à pesca.
Cenas da vida quotidiana...a lavar as roupas.
Paisagens:
..lindas..
Não fosse o dia enevoado de cacimbo e era uma foto de postal...:
A chegada à cidade do Sumbe:
Sumbe...:
Sumbe...:
Praia de Sumbe...:
A igreja de Sumbe de arquitectura bem gira!
Lá dentro decorria um serviço religioso. Quem não conseguiu entrar ficou à porta, ou nas janelas laterais...como eu!
A magia que se desprendia da música dos cânticos, era simplesmente contagiosa.
Interessante observar a forma como a religião é encarada por este povo...dançava-se cá fora em suaves movimentos corporais ao som dos cânticos entoados...lindo!
Estive lá uns bons 10 minutos..
Muito giro o local desta igreja...ainda do tempo colonial:
Saí da igreja e depois de passar este fontanário sem água, ouço:
"-Tio?...tiras uma foto á gente?"
Todas quiseram ver a foto no visor da máquina...entre grandes risadas..
despedi-me das minhas "sobrinhas"...e lá continuei viagem.
De referir que o tratamento por "Tio", "Pai" ou "Pai Grande" é um tratamento de respeito...
Na estrada, ao pé de pequenos aglomerados populacionais de meia dúzia de casebres, surgem bancas com venda de frutas, legumes, carne seca e peixe seco.
Nesta parei, para "esticar" as pernas e dar dois dedos de conversa:
"- Então diga-me lá que peixe é esse?"
"-Pai...isto é garoupa! Vale 2.000 Kwanzas (14 €)..é pouco Pai, lá na cidade (Luanda) custa praí mais de dobro....Leva Pai, leva...."
Lá lhe expliquei que só queria saber que peixe era. Que vivia num hotel em Luanda e que nem sequer sabia cozinhar....o peixe!
Pedi-lhe para tirar uma foto à bancada, mas ela preferiu agarrar na garoupa e fazer pose pra máquina...
Chama-se Maria e tem 44 sofridos anos de vida. Nunca saíu daquela terreola perdida no meio da estrada entre Sumbe e Porto Amboim.
Já virava as costas quando a mais nova, a que estava sentada me atira:
"Pai...não levas nada aí no carro pra gente?"
Não tinha rigorosamente nada, a não ser dinheiro....dinheiro foi então....
O peixe preto enrolado (sim..é peixe!) é o safio:
Em Porto Amboim e Sumbe, não há transportes públicos, nem candongueiros.
São estes triciclos de caixa aberta que asseguram o serviço.
Cheguei a ver um com oito pessoas sentadas na berma da caixa, como a senhora na foto:
Salvo "in extremis" por um posto improvisado de venda de combustíveis da Sonangol, perdido na imensidão da estrada. Já vinha a conduzir à cerca de 40 km com a luz avisadora de combustível acesa....devia estar a ficar praticamente seco...!
Já me via a pedir boleia a quem ma desse, para ir à procura de combustível...e a noite a cair....
A ponte do rio Cuanza.
Paga-se 210 Kwanzas (1,5 €) de portagem nos dois sentidos, para a travessia da ponte.
Até ver, foi o único local com portagem que encontrei:
O rio Cuanza ou Kwanza, propriamente dito:
Restos da guerra, não sei se da nossa, se da deles, tombados à entrada da ponte.
A ponte é vigiada por soldados nos dois extremos. Pedi licença para tirar a foto ao que estava deste lado. Concordou de imediato. Só não quis ficar a fazer pose...!
A escassos quilómetros de "casa" e o Sol a pôr um ponto final neste dia e a deixar-se caír nas águas ao largo da baía de Luanda:
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